Serpa

Património Histórico




Castelo de Serpa

O Castelo de Serpa localiza-se no Baixo Alentejo mas propriamente no concelho de Serpa, distrito de Beja. Situa-se na povoação de Serpa, na Freguesia de Salvador. Integra o território à margem esquerdo do rio Guadiana, juntamente com o Castelo de Moura, Castelo de Mértola e Castelo de Noudar.
Como mandavam as regras básicas de defesa militar, o Castelo de Serpa foi construído no ponto mais elevado da vila, a duzentos e trinta metros acima do nível do mar. Os vestígios arqueológicos comprovam a existência de uma fortificação da época muçulmana no local, mas o castelo que pode ser observado hoje em dia foi edificado no século XIII, por Dom Sancho II e Dom Dinis, na mesma altura em que se construíram as muralhas. A entrada no castelo, de forma quadrangular, faz-se actualmente por uma espécie de arco provocado pela derrocada de partes da muralha que se sustentam entre si.No plano mais elevado, junto à muralha, a norte, implanta-se a alcáçova actualmente o Museus arqueológico de Serpa, de planta quadrangular. O museu expõe os testemunhos recuperados na região do Concelho, do Paleolítico, do Neolítico, da Idade dos Metais e da época romana. A cerca (muralhas) da vila apresenta três portões monumentais (Porta de Moura, a nordeste, Porta de Beja, a noroeste e a Porta de Sevilha a sul, esta última hoje desaparecida) flanqueados por dois torreões cilíndricos chanfrados, estes com merlões de remate pentagonal. O pano oeste das muralhas é encimado por um aqueduto assente em arcada de vão redondo, unindo o Palácio dos condes de Ficalho, do lado norte e uma gigantesca nora assente num poço, junto ao ângulo sudeste, construída no século XVII para abastecer o palácio.
No centro de um amplo espaço aberto do castelo, um poço mantém ainda características medievais. Altas escadarias conduzem a uma zona mirante, outrora ponto importante de observação dos avanços do inimigo.

História
·         1112-1185- O castelo foi conquistado pelas tropas sob o comando de D. Afonso Henriques, na época da reconquista Cristã na península Ibérica.
·         1191- Retomou a posse muçulmana;
·         1232-  Nesta altura D. Sancho II recuperaram estas terras sendo o seu domínio entregue a D. Fernando, irmão soberano.
·         Em 1271- Depois da conquista do Algarve, pelos portugueses, o rei de Castela impugnou-lhe juridicamente estes domínios. Logo, o domínio de Serpa e das terras além do rio Guadiana igualmente se inseria nessa disputa, tendo sido cedidas ao monarca castelhano
·         1383-1385 – A vila e o castelo serviram como base de operações para as tropas portuguesas em diversos ataques aos castelhanos, sendo governada pelo Mestre de Avis.
·         1438-1481 – D. Afonso V, nas cortes de Coimbra concedeu aos moradores isenção da vida militar ou municipal, devido ao grande decréscimo da população sentida pela peste e pelas guerras.
·         1495-1521- Serpa e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas onde pode ser apreciada a dimensão da obra dionisina: um castelo com os muros amparados por torreões de planta cilíndrica e quadrangular, dominado por uma imponente torre de menagem; a seus pés, a vila envolvida por uma muralha dupla também reforçada por torres.
·         1580- Devido a crise de sucessão, Serpa e o seu Castelo caíram nas mãos das tropas espanholas.
·         1640-1656- Estes foram os anos da Restauração da Independência de Portugal, o castelo foi doado ao Infante D. Pedro.
·         1870- Registavam-se grandes desmoronamentos na alvenaria das muralhas e torres.
·          Em 1958 iniciaram-se trabalhos de consolidação do troço do aqueduto junto à Porta de Beja.
·         No ano 2000, em decorrência dos fortes temporais na região, derruiu um troço da muralha.

Em meados do século XX o conjunto do castelo e das muralhas de Serpa foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 30 de Janeiro de 1954, mesmo ano em que se adquiriu um troço da muralha à condessa de Cuba.

























Aqueduto e Nora de Serpa:

O aqueduto e a nora foram construídos no século XVII, na mesma época que o Palácio dos Marqueses de Ficalho. O Aqueduto da cidade alentejana de Serpa é uma invulgar obra da engenharia portuguesa, dado a sua insólita configuração. Este aqueduto foi concebido para abastecer, somente, as necessidades de consumo privado de uma casa senhorial de Serpa - o Solar dos Condes de Ficalho, residência nobre que se integra num dos panos de muralha do castelo local.
Esta estrutura particular de abastecimento de água nasce nos arredores da cidade. Nasce perto da Rua dos Lagares, no canto virado a sul; é aqui que se pode observar a nora, com o seu ancestral engenho de alcatruzes¹, protegida por uma construção aberta em quatro arcos.
Já no final do seu percurso, os elevados pilares do aqueduto, que assentam em dezanove arcos de volta perfeita sobre parte da muralha da vila, o canal do aqueduto percorre-a na extensão que vai da nora ao palácio.Formando uma insólita e contrastante estrutura arquitectónica. Neste invulgar conjunto é de destacar ainda a imensa nora mourisca que se agrega à muralha, servindo, igualmente, de contraforte ao próprio aqueduto.



¹Alcatruz é uma palavra de origem árabe que designa os recipientes utilizados nas noras e tarambolas para puxar a água do fundo de um poço ou de um rio para a superfície. Em Portugal também é o nome dado à potes de trinta a quarenta centímetros utilizados como armadilhas para captura de polvos, o princípio dessa pesca uma vez colocado no fundo do mar o polvo tem a tendência de fazer do alcatruz um abrigo
















Palácio dos Condes de Ficalho
    Palácio dos Condes de Ficalho ou Casa do Castelo foi edificado no século XVII por ordem de D. Francisco de Melo e situa-se na freguesia de Santa Maria, concelho de Serpa em Portugal. Este foi classificado como Monumento Nacional (Diário da República de 21 de Abril de 2007). Foi considerado uma das importantes casas nobres de Serpa, que evoca a família dos alcaides da vila durante a época moderna- os Melos-, estirpe incontornável na caracterização histórica do Alentejo Oriental, entre os séculos XVI e XX.
    O palácio dos Condes de Ficalho edifício barroco com soluções maneiristas. O palácio constitui um belo exemplo de arquitectura do séc. XVII, tanto na fachada exterior, de um austero estilo maneirista desprovido de adornos, como no interior formado por amplos espaços, luminosas galerias, salas ornamentadas com silhares de azulejos, pinturas representando personagens da nobreza portuguesa do séc. XVII e XVIII e troféus de caça.
    Tem ainda um aqueduto assente sobre as muralhas que mostra a monumentalidade da construção. O restauro do palácio foi feito pelo Francisco de Mello, em 1946, esta obra valeu o reconhecimento do do Institut International des Chateaux Historiques, considerando o palácio “um dos monumentos mais notáveis do passado glorioso de Portugal”



 Igreja de Santa Maria
 
    A igreja de Santa Maria situa-se em Serpa, na freguesia de Santa Maria. Encontra-se próxima do Castelo de Serpa, no Largo de Santa Maria. Esta igreja é a mais antiga de Serpa sendo conhecida como a Igreja Matriz de Serpa.
   Foi construída no séc. XIX, tendo provavelmente sido executada sobre uma antiga mesquita árabe. O interior é constituído por três naves, divididas por arcos sustentados por colunas. As capelas laterais apresentam exemplos de talha dourada, testemunhando a riqueza decorativa do barroco. A capela-mor, dominando todo o conjunto, data dos séculos XVI e XVII. Na restante decoração, destacam-se ainda uma estátua de Nossa Senhora de Fátima, imagens de Cristo e outros elementos vegetalistas, animais e humanos
    No exterior, destacam-se o imponente portal de entrada e suas colunas laterais, que sustentam duas imagens de São Pedro e de São Paulo. Ostenta, ainda, uma torre sineira quadrangular, à esquerda. A actual estrutura quadrangular desta torre sineira alberga no seu interior uma antiga estrutura cilíndrica, que pode ter constituído a almádena da antiga mesquita.
    A igreja foi considerada monumento e foi protegida desde 1984.








 
Torre do Relógio

    A Torre do Relógio, foi construída no final do século XV.
Apresenta planta quadrangular, tratando-se do aproveitamento de uma antiga torre do castelo, com o objectivo de suportar o grande relógio da vila.
   O seu tecto de abóbada nervada tem ao centro um escudo com quatro flores-de-lis e, ao meio deste, uma abertura com cerca de dez centímetros de diâmetro. A escada tem 52 degraus e, segundo apontamento escrito a lápis nalguns deles, foi renovada em 1871.
   Segundo os dados disponíveis a nível de investigação de arqueologia industrial, arriscaríamos que a torre relojoeira de Serpa será a terceira mais antiga detectada até hoje no país .
No exterior, desenhado em blocos de pedra castanha, um alto varandim com uma porta e três janelas permite o acesso ao gigantesco mecanismo do relógio, que continua, ainda hoje, a cantar as horas em Serpa.


Património arqueológico classificado.

Barragem romana do Muro dos Mouros

   Trata-se de uma barragem curvilínea, com cerca de 130 metros de comprimento , 3 metros de altura e 1,5 metros de largura. Calcula-se que a área inundada pela barragem rondaria os 57400 m2, armazenando cerca de 80000 m3 de água. Esta barragem estaria decerto relacionada com a villa do Monte das Oliveiras (freguesia de S. Salvador).

Imóvel de Interesse Público (Dec. n.º 26-A/92; DR. 126, de 1 de Junho de 1992)

Património Natural

Pulo do Lobo
O Pulo do Lobo encontra-se a cerca de oitenta quilómetros da foz é perturbado por uma espectacular queda de água, com 13 a 14 metros de desnível, onde a água, feita espuma, corre veloz e plena de energia. É a maior queda de água do sul de Portugal continental, situando-se no rio Guadiana, a montante de Mértola.É a maior queda de água do sul de Portugal continental, situando-se no rio Guadiana, a montante de Mértola. As águas caem de mais de 20 m de altura sumindo-se num mar de espuma por uma garganta rochosa donde saem para um lago que, por contraste, parece estagnado, lá em baixo, entre as penedias. As margens altas e pedregosas, são tão apertadas que, segundo diz a lenda, até um lobo as transpõe de um salto.  O Pulo do Lobo é o estado actual de uma vaga de erosão desencadeada no último período glaciário, há uns vinte mil anos, durante o qual o nível geral do mar baixou mais de cem metros, o que aumentou a energia dos rios.




Rio Guadiana
Tem cerca de 870 quilómetros de comprimento (é como ir de Beja ao Porto e voltar), mas só 260 é que são dentro de Portugal. Sabias que mais de 100 quilómetros de rio ainda fazem fronteira entre os dois países da Península Ibérica. O Guadiana é um rio antigo que, como dizem os geógrafos, está na sua fase senil. a faixa do Alentejo que lhe corresponde está marcada pela secura, que se acentua de norte para sul e onde a azinheira predomina sobre a sua congénere corticeira, mais carente de humidade e, portanto, de distribuição mais virada ao Atlântico. O rio Guadiana e ribeiras afluentes constituem uma área privilegiada em endemismos e comunidades biológicas interessantes.
Distinguem-se unidades florísticas peculiares e únicas, como é o caso da vegetação ribeirinha de cursos de água mediterrânicos intermitentes.
O Guadiana é o único rio em Portugal no qual o esturjão (espécie prioritária, migradora, classificada "em perigo") tem uma presença regular. Para além desta espécie ocorrem mais três espécies migradoras, o sável, a savelha e a lampreia, e pelo menos dois endemismos ibéricos, a cumba e o bordalo (classificada como ameaçada). As formações ripícolas suportam uma avifauna característica, de grande importância conservacionista. O lince tem uma ocorrência provável na área.
O rio faz fronteira com a vizinha Espanha, do Caia a Monsaraz e do Pomarão à foz, em Vila Real de Santo António. Como suas particularidades, a mais espectacular é, sem dúvida, o Pulo do Lobo. Na continuidade da relação do Homem com a terra, a barragem de Alqueva representa o mais recente e talvez o mais grandioso e esperançoso abraço entre o Alentejo e o grande Rio.
É o rio mais navegável de Portugal. Por causa disso, Mértola sempre foi muito importante para o comércio de vários povos, como os romanos e os árabes. Às vezes o rio é muito rápido, outras muito fino e outras é tão largo que faz grandes barragens naturais chamadas bacias hidrográficas.Além da beleza natural da paisagem que percorre, o rio é extremamente rico em peixes e os campos em seu redor também são ricos em caça. Assim, o Guadiana ganha um grande interesse histórico e pedagógico.